O contexto político atual, marcado por uma intensa polarização, é um fator crucial que impede qualquer expectativa de prisão imediata do ex-presidente. Especialistas, como Acacio Miranda da Silva Filho, doutor em direito constitucional, afirmam que as chances de uma prisão preventiva são extremamente baixas. Ele argumenta que, mesmo diante de um inquérito robusto, com quase 800 páginas de evidências, o clima polarizado dificulta um avanço por parte do judiciário em relação ao ex-presidente.
Os analistas concordam que, mesmo que o material apresentado pela Polícia Federal seja forte, a dinâmica política do Brasil e a qualidade das provas desempenham um papel fundamental na experiência judicial. Para se chegar a um julgamento, a Procuradoria-Geral da República deverá aceitar o inquérito e encaminhá-lo ao Supremo Tribunal Federal, que decidirá se aceita ou não a denúncia. Contudo, acredita-se que não haverá uma decisão antes das eleições de 2026, o que sugere um prolongamento do tensionamento político no país.
Além disso, o impacto eleitoral das recentes revelações tem sido notável. Líderes anteriormente alinhados a Bolsonaro mostraram-se cautelosos, evitando defender abertamente o ex-presidente após o indiciamento. A situação é, portanto, ainda mais complexa devido a eventos recentes, como as explosões em Brasília, que acentuaram um clima de insegurança entre os apoiadores de Bolsonaro.
A polarização e a incerteza em torno de sua situação legal podem mudar o cenário para as próximas eleições, com a possibilidade de uma disputa menos radicalizada em 2026, refletindo um retorno a um padrão de competição baseado em projetos políticos ao invés de uma personalização exacerbada do debate. A evolução da situação de Bolsonaro e suas repercussões tornam-se um elemento chave para a análise política brasileira nos próximos anos.