Amorim defende entrada da Venezuela no BRICS como questão técnica e não política, citando o exemplo da Turquia na cúpula em Kazan.

Em um cenário marcado pela crescente complexidade das relações internacionais, a avaliação sobre a entrada da Venezuela no BRICS, bloco que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, gerou um debate acalorado. Na manhã desta terça-feira, 22 de outubro, Celso Amorim, assessor de política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abordou a questão, enfatizando que a discussão não deve ser vista sob uma perspectiva de “julgamento moral ou político”. Ao contrário, Amorim destacou que o critério central para a inclusão de novos países no BRICS é sua capacidade de contribuir politicamente e diplomaticamente para o fortalecimento do grupo.

A candidatura da Venezuela para se tornar membro do BRICS foi um dos temas principais da1ª cúpula do BRICS ampliado, que ocorreu em Kazan, na Rússia, nestes dias 22 e 23 de outubro. Durante a cúpula, o ex-chanceler brasileiro afirmou que a presença de novos países, como a Venezuela, deve ser analisada não pela situação interna ou pela ideologia política de cada um, mas sim pela habilidade que esses países têm de construir relações e influenciar positivamente o cenário global.

Amorim fez questão de ressaltar a necessidade de um BRICS fortalecido, capaz de contribuir para a paz mundial e o equilíbrio de poder. Ele também mencionou a Arábia Saudita, que recentemente manifestou interesse em integrar o bloco, expressando a visão de que a adesão de novos membros deve ser uma estratégia que leve em conta a capacidade de cada nação de ajudar a consolidar um ambiente pacífico.

Ainda assim, o assessor defendeu que regras rígidas não devem limitar a inclusão de países, sugerindo que a cúpula pode estar aberta a nações que, apesar de menores em tamanho, possuam significativas capacidades diplomáticas. Para ilustrar essa perspectiva, Amorim citou a Turquia, que, mesmo não fazendo parte do BRICS, tem prestado contribuições relevantes nas discussões internacionais.

Por fim, a cúpula em Kazan foi marcada pela ausência do presidente Lula, que, devido a um incidente doméstico, não pôde comparecer pessoalmente. Ele foi representado pelo chanceler Mauro Vieira, enquanto participou do encontro por videoconferência. Essa configuração mostra não apenas a importância do BRICS para a diplomacia brasileira, mas também a dinâmica das relações internacionais contemporâneas, onde a inclusão e a cooperação são fundamentais para enfrentar os desafios globais.

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