Americanas inicia venda de ativos para reestruturação, com seu jatinho Phenom 300 por US$ 9 milhões sendo adquirido por Beto Studart.

A Americanas, empresa que se encontra em processo de recuperação judicial com dívidas superiores a R$ 40 bilhões, deu início à venda de ativos como parte de sua estratégia de reestruturação. O primeiro bem disponibilizado foi seu jatinho Phenom 300, vendido por US$ 9 milhões, aproximadamente R$ 44 milhões. O comprador da aeronave foi Beto Studart, empresário renomado que já ocupou cargos de destaque na Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

Beto Studart, nascido em Fortaleza em 1946, é conhecido por sua atuação na indústria de produção de defensivos agrícolas, através da empresa Agripec, que foi vendida para a australiana Nufarm em 2007. Após a venda, ele fundou o Grupo BSPAR, que atua nos setores imobiliário e financeiro, com destaque para incorporação e construção nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, além de operar diversos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Além dessas áreas, o empresário também investe no setor de tecnologia, com a empresa Studheart Medical Technologies, que desenvolve coração artificial.

No entanto, o jato executivo não é o único bem que a Americanas está tentando vender. A varejista também busca vender a rede Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co, dona das marcas Puket e Imaginarium. No entanto, todas as vendas de ativos precisam ser autorizadas pelo juiz da 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), devido ao processo de recuperação judicial da empresa.

Para obter a autorização para a venda do jatinho Phenom 300, a Americanas argumentou que a aeronave demanda custos fixos e variáveis em torno de R$ 1 milhão, sendo desnecessária para a locomoção dos membros da empresa. Alegou ainda que a manutenção da aeronave apenas gera despesas sem contrapartida efetiva. Segundo a varejista, o jato foi avaliado em R$ 47 milhões pela consultoria Apsis.

O resultado da venda dos ativos será direcionado para o pagamento dos credores da recuperação judicial e das obrigações do plano de reestruturação. A Americanas ressalta que a venda se reverterá em recursos para o plano de soerguimento e para o benefício dos credores.

Além do jato, a empresa também está vendendo equipamentos de seu centro de distribuição em Queimados, no Rio de Janeiro, que será fechado. Os itens serão adquiridos pela GS Montagem por R$ 3,853 milhões. A Americanas também pretende vender três veículos através de leilões, com um lance mínimo de 75% sobre o valor da tabela FIPE. Além disso, a companhia fechou a renovação do aluguel de um imóvel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e ofereceu equipamentos de refrigeração em troca de um outro espaço que será devolvido.

A empresa informou que está em período de exclusividade para a venda da rede Hortifruti Natural da Terra e decidiu suspender o processo de venda da Uni.Co devido às propostas recebidas não refletirem o valor correto dos ativos. No entanto, não descarta retomar o processo no futuro.

Com a venda desses ativos, a Americanas busca levantar recursos para quitar suas dívidas e seguir com sua estratégia de recuperação. O mercado acompanha de perto as movimentações da empresa, de olho nas decisões judiciais e no impacto que elas podem ter no processo de reestruturação.

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