Contudo, diversos especialistas afirmam que a expansão da energia nuclear na região enfrenta obstáculos consideráveis, em especial no que tange ao financiamento e à falta de comprometimento com projetos de longo prazo. Astrid Cazalbón, coordenadora do Observatório Latino-Americano da Geopolítica Energética, ressalta a importância de um planejamento meticuloso e de uma mobilização financeira robusta. Ela argumenta que a energia nuclear pode oferecer uma solução eficaz para a crescente demanda por fontes de energia limpa e estável.
Leonam Guimarães, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, aponta o Novo Banco de Desenvolvimento — conhecido como Banco do BRICS — como uma alternativa promissora para financiar essas iniciativas. Ele observa que as nações que compõem esse grupo, especialmente Rússia e China, possuem experiência considerável na construção e operação de usinas nucleares, o que pode ser capitalizado para fortalecer a indústria nuclear na América Latina.
Além disso, ambos os especialistas concordam que a energia nuclear pode aumentar a autonomia energética da região e reduzir a vulnerabilidade a oscilações climáticas e flutuações de mercado. Guimarães não acredita ser viável alcançar total autonomia em um mundo globalizado, mas vê a cooperação entre os países latino-americanos como um passo crucial em direção a uma cadeia produtiva mais independente.
No cenário atual, a Argentina se destaca por sua infraestrutura nuclear consolidada, mesmo diante de desafios econômicos. O país, que estabelece parcerias com o Brasil para o desenvolvimento de tecnologia nuclear, tem sido um exportador ativo na área, especialmente em reatores de pesquisa. A colaboração entre essas nações é vista como um caminho essencial para o fortalecimento da capacidade nuclear na região.
Em suma, a energia nuclear apresenta-se como uma alternativa viável e necessária para a América Latina, mas sua expansão depende de um esforço conjunto em busca de investimentos e de uma visão compartilhada sobre o papel estratégico dessa matriz energética no futuro da região.