Um dos momentos mais destacados pelas investigações foi uma conversa do tenente-coronel do Exército Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, que chamou a atenção dos investigadores. Nesse diálogo, um interlocutor de Cavaliere mencionou que em uma reunião entre Bolsonaro, o ex-vice-presidente general Hamilton Mourão e outros generais, houve a ação de rasgar um documento que supostamente seria um decreto de golpe de Estado assinado por Bolsonaro.
Posteriormente, Cavaliere enviou para Cid prints de uma conversa com uma pessoa identificada como ‘Riva’, na qual havia informações sobre uma reunião entre Bolsonaro, Mourão e outros generais. Nessa conversa, Riva mencionava que Mourão teria negociado a saída de Bolsonaro, apelidado de “01”, fazendo referência a um possível golpe de Estado semelhante ao ocorrido no Peru. Além disso, os militares teriam rasgado o documento que Bolsonaro havia assinado, possivelmente o Decreto de Golpe de Estado.
Diante dessas revelações, Cavaliere e Cid passaram a criticar os integrantes do Alto Comando do Exército que não aderiram ao plano golpista de manter Bolsonaro no poder. A PF interpretou essas mensagens como uma confirmação de que Bolsonaro havia elaborado o decreto de golpe e que o almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha, também estava envolvido no intento golpista.
A atuação de Cavaliere foi considerada pela PF como parte fundamental dos atos golpistas da organização criminosa investigada. Ele teria ajudado a propagar e coletar assinaturas de militares para uma carta antidemocrática endereçada ao Comandante do Exército, na qual se pressionava o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe. Para a PF, as evidências indicam que Cavaliere agiu de forma consciente e com a intenção clara de pressionar os militares a apoiarem o plano de golpe de Estado.
Com base nas evidências colhidas ao longo das investigações, a PF concluiu que a carta golpista assinada por oficiais do Exército contava com o conhecimento e a aprovação de Bolsonaro, sendo parte de uma estratégia para incitar os militares e forçar o Alto Comando do Exército a aderir ao plano golpista. As mensagens trocadas entre os envolvidos na trama foram consideradas irrefutáveis pela PF, evidenciando a atuação coordenada e consciente de Cavaliere na execução do intento golpista.
Portanto, as mensagens recuperadas pela Polícia Federal não apenas confirmam a existência de um plano de golpe articulado por aliados de Bolsonaro, mas também apontam para a participação ativa de militares e autoridades no processo, revelando a gravidade e a extensão do esquema golpista que visava manter o ex-presidente no poder mesmo após a sua saída do cargo.