A vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems-AL), Paula Gomes, em audiência pública do Ministério Público Federal realizada nesta quarta-feira (21), fez um alerta sobre a preocupante alta letalidade da doença meningocócica no estado, que atinge quase 70%. Gomes destacou a necessidade urgente de implementar o protocolo assistencial, fortalecer a vigilância epidemiológica e incorporar, por parte do Ministério da Saúde (MS), a vacina contra o meningococo tipo B na rede pública de saúde do país, além de adotar medidas mais eficazes para reduzir as taxas alarmantes.
Os dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) são alarmantes. De janeiro a 21 de agosto de 2024, foram registrados 15 casos de meningite no estado, dos quais 12 ocorreram em Maceió. Os óbitos confirmados somaram oito, sendo seis do tipo B, um confirmado por critérios clínicos e outro ainda aguardando a análise do sorogrupo.
“Quanto vale a vida de uma criança? Precisamos avaliar o custo-benefício das vacinas, porque, mesmo sendo caras, é necessário investir em novas tecnologias para o SUS. Já estamos lutando por essa causa há dois anos. Se a incorporação da vacina é uma medida de longo prazo, por que ainda não superamos essa etapa?”, questionou Paula Gomes, que é enfermeira especializada em Vigilância e Epidemiologia.
Ela enfatizou que a Inglaterra e o Canadá já implementaram a vacina contra o meningococo tipo B e observaram resultados positivos em apenas dez meses. “Embora a vacina seja quatro vezes mais cara que a mais onerosa do SUS, precisamos de uma resposta concreta sobre sua aquisição. Considerando que toda compra pública envolve questões logísticas, legais e técnicas, precisamos seguir esse passo a passo,” reforçou Paula.
Na semana passada, a presença de equipes do MS, da Vigilância em Saúde, do Programa Nacional de Imunização (PNI) e da Força Nacional do SUS em Maceió foi destacada como vital para o fortalecimento da assistência à saúde. “Quando vejo os protocolos que ainda não estão efetivados e a urgência de reduzir as taxas de mortalidade, percebo a importância da participação de todos os atores envolvidos, especialmente os médicos, que precisam estar amparados com conhecimentos técnicos e científicos para enfrentar os casos de meningite no estado. Por isso, é crucial a participação do CRM nesses debates,” sublinhou Paula.
Diante desse cenário, o diretor do Departamento do PNI, Eder Gatti, afirmou que o setor está acompanhando de perto as discussões e que o MS se mantém atento à situação em Alagoas e em outros estados, como o Pará. Quanto à vacina para o tipo B da doença, Gatti indicou que o processo está em andamento e que espera ter novidades em breve.
O procurador da República, Bruno Lamenha, considerou a reunião produtiva, visto que foram discutidas estratégias significativas para o controle da doença no estado. A reunião também contou com a participação de representantes da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (CRM) e de outros setores relevantes.
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