A proposta, que suscita controvérsias e debates, não se trata apenas de um rearranjo territorial, mas se insere em um contexto histórico complexo. A Albânia, até o século XIX, era parte do Império Turco-Otomano e, com a sua desintegração, emergiram novos estados com fronteiras definidas por potências europeias, o que levou a conflitos étnicos e religiosos que marcaram a história balcanica. Os Bektashi, que representam cerca de 10% da população albanesa, são um grupo que já enfrentou perseguições históricas e, após períodos de opressão durante regimes totalitários e guerras, estão agora buscando reconsolidar sua identidade e influência na sociedade albanesa.
Em conversas com especialistas, percebe-se que essa movimentação tem um caráter simbólico e político significativo. A criação do microestado poderia ser vista como uma tentativa de Edi Rama de se posicionar como um defensor da diversidade e da promoção de uma identidade albanesa inclusiva, ao mesmo tempo que equilibra interesses de grupos nacionais e cosmopolitas. Enquanto o anúncio foi recebido com entusiasmo entre os Bektashi, a maioria da população albanesa reagiu de forma cética, especialmente devido à falta de consultas públicas e diálogo sobre o tema.
A realidade política aponta que essa ideia pode se tratar mais de um discurso político do que uma realidade em potencial. Há um sentimento de que Rama frequentemente faz declarações surpreendentes e que, ao menos no momento, a proposta do microestado permanece nebulosa, sem um plano claro de implementação. Apesar de despertar interesse, o impacto dessa iniciativa tem sido mínimo até entre os líderes da União Europeia, que parece não levar a promotoria de Rama muito a sério. A história balcanica, repleta de tensões e identidades conflitantes, poderá continuar a influenciar os desdobramentos dessa proposta, que precisa ser analisada sob a lente do cacofônico contexto da política regional.