Tia Marcelina, uma das mais conhecidas mães de santo de Alagoas, tornou-se um ícone de resiliência ao enfrentar o preconceito racial e a intolerância religiosa, que são problemas ainda presentes em nossa sociedade. Em reconhecimento a essa história, a delegacia foi batizada em homenagem a ela, comprometendo-se a combater e investigar crimes de intolerância religiosa, com foco nos direitos das comunidades de matriz africana. De agosto de 2022 a dezembro de 2024, a unidade registrou 43 casos de intolerância religiosa, delineando um retrato preocupante da discriminação ainda enfrentada por praticantes dessa fé.
A delegada titular, Rebecca Cordeiro, destacou a relevância de combater o “racismo religioso”, uma expressão de intolerância que afeta diretamente a liberdade de crença garantida constitucionalmente. Segundo Cordeiro, a delegacia busca criar um ambiente seguro para que as vítimas possam denunciar e encontrar justiça. O trabalho é apoiado por uma equipe multidisciplinar, incluindo assistentes sociais e intérpretes, que oferecem suporte especializado às vítimas de diversos tipos de preconceito.
Paralelamente, iniciativas como o projeto Diálogos Afrojovens, promovido pela Superintendência de Políticas Públicas para Igualdade Racial, desempenham um papel crucial na educação e conscientização dos jovens sobre questões de igualdade racial e enfrentamento ao racismo estrutural nas escolas públicas de Alagoas. Durante 2024, a ação alcançou 460 alunos, fomentando um ambiente escolar mais inclusivo e engajado na construção de uma sociedade justa e igualitária.
A delegacia, fruto de uma demanda antiga dos movimentos sociais e de direitos humanos, representa um avanço significativo na proteção e promoção dos direitos das minorias, reafirmando o compromisso de Alagoas com uma sociedade diversa e sem discriminação.