O caso teve início quando o Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca foi acionado para recolher um cadáver localizado às margens do canal, na entrada do Distrito Sinimbu, em Delmiro Gouveia, em 5 de setembro. O corpo encontrado, em estado de avançada decomposição e decapitado, apresentava luvas epidérmicas (camadas de pele) destacadas das mãos, o que tornava o processo de identificação mais complexo.
O papiloscopista Antônio Murilo liderou os esforços de identificação, utilizando a técnica da microadesão. Após um trabalho cuidadoso de recuperação da derme, através de processos como fervura, foi possível coletar as impressões digitais do cadáver. No entanto, o confronto inicial com o banco de dados do sistema ABIS de Alagoas não resultou em uma correspondência.
Diante desse impasse, outra estratégia foi adotada. Na segunda-feira, 9 de setembro, familiares de uma pessoa desaparecida compareceram ao IML de Arapiraca procurando por notícias. Eles suspeitavam que o corpo encontrado poderia ser de um parente que vivia em Paulo Afonso, na Bahia, e que estava desaparecido. Com as informações da família, a equipe do IML Alagoas solicitou ao Instituto de Identificação da Bahia uma busca por prontuário civil, atendendo à descrição fornecida.
A resposta foi positiva, e o exame comparativo das impressões digitais confirmou a identidade do corpo como sendo de Carlos de Lima Torres, de 36 anos, que vivia em situação de rua. Essa identificação permitiu que a família, que até então convivia com a incerteza sobre o paradeiro de Carlos, pudesse finalmente enterrá-lo e concluir essa dolorosa fase de busca.
O resultado do exame foi comunicado para a família, que agora aguarda os procedimentos finais de retirada e sepultamento, a serem organizados com a funerária local. Para Antônio Murilo, o processo de identificação necropapiloscópica foi crucial, pois não só ajudou a dar um fechamento para a família enlutada, mas também abriu caminhos importantes para a continuidade das investigações criminais.
Este caso emblemático destaca a importância das técnicas avançadas de identificação aplicadas pela Polícia Científica de Alagoas e reforça o papel essencial da necropapiloscopia na resolução de casos complexos. A precisão e a agilidade do trabalho realizado não só contribuíram para a identificação de uma pessoa desaparecida, mas também restabeleceram a dignidade e a verdade para uma família que buscava por respostas.