O projeto foi concebido pela professora de educação física, Gedalva Queiroz, que observou o crescente interesse das alunas pelo esporte da “altinha”, tradicionalmente praticado nas praias do Rio de Janeiro e que vem ganhando popularidade no Nordeste. A partir desse interesse, surgiu a ideia de criar um espaço seguro e encorajador para essas jovens se desenvolverem. A “Altinha Delas” realiza encontros semanais com 11 participantes, que portam camisetas estampadas com o emblema do projeto, oferecendo identidade e sentido de pertencimento às participantes.
Na prática da altinha, o objetivo é simples: manter a bola no ar usando diferentes partes do corpo, como pés, pernas e cabeça. Porém, o projeto vai além do aspecto físico, incorporando ensinamentos fundamentais sobre comportamento, incentivo ao bom desempenho acadêmico e comunicação não-violenta. Para Gedalva, o esporte é uma ferramenta completa, permitindo trabalhar o socioemocional das alunas, melhorando sua comunicação e respeito ao próximo.
A diretora da escola, Maria Gomes, destaca os resultados positivos que o projeto trouxe para o ambiente escolar. Ela ressalta a mudança na postura das meninas, que se tornaram mais empáticas e lideranças positivas em suas comunidades. Este efeito tem potencial para influenciar outros alunos a adotarem comportamentos semelhantes, melhorando a convivência e a colaboração no ambiente escolar.
As alunas participantes também relatam transformações pessoais significativas. Iasmim Gabriele, do 6º ano, vê no projeto uma rede de apoio vital, fortalecendo seu sonho de seguir carreira no esporte. Rebeca Islane, do 8º ano, atribui à “Altinha Delas” seu novo amor pelo esporte, um sentimento que surgiu depois de participar do projeto. Da mesma forma, Lauany Tainá descreve a atividade como um momento de autocuidado e de diversão, uma verdadeira terapia contra a ansiedade.
Além de servir como plataforma para o desenvolvimento pessoal, o projeto enfrenta de frente o machismo no esporte, uma barreira presente até mesmo no ambiente escolar. Eshyllen Cecília e Dafinny Camila, ambas do 8º ano, compartilharam experiências desafiadoras com o preconceito de gênero no esporte, mas graças ao incentivo do projeto e à determinação pessoal, transformaram essa adversidade em motivação.
Gedalva Queiroz reafirma o compromisso do “Altinha Delas” em transformar essas jovens em cidadãs conscientes, além de sonhar com a expansão do projeto para integrar os Jogos Estudantis de Alagoas. Em um mundo onde as desigualdades ainda são uma realidade marcante, iniciativas como esta são um lembrete poderoso de que a educação e o esporte, juntos, têm o potencial de abrir portas e transformar vidas.