Ele descreve como entrou na sala de projeção lotada acompanhado por uma babá de confiança, através de uma porta lateral. Lá, deparou-se com figuras em preto e branco que se moviam pela tela, “como manchas gigantescas que desejavam significar alguma coisa”. Embora não possa afirmar com precisão qual filme assistiu, sugere que poderia ter sido algo como “Ivan, o Terrível”, de Sergei Eisenstein, um épico que certamente combinaria com as imagens que o impactaram tão profundamente.
A sessão deixou uma marca indelével em sua memória. A grandiosidade das imagens e a sofisticação dos trajes dos personagens compuseram um espetáculo que o menino não conseguiu desviar os olhos, sentindo-se quase hipnotizado. Cacá recorda a advertência gentil de sua acompanhante para que não tocasse a tela, com a sugestão de que sua mão poderia ficar presa para sempre. Para ele, essa metáfora se materializou, pois desde aquele dia, o amor pelo cinema nunca mais o deixou.
A cena ilustra como grandes diretores muitas vezes têm suas primeiras epifanias em momentos aparentemente simples. Esta vivência inicial de Cacá Diegues em Maceió não só desencadeou uma paixão permanente como também pavimentou o caminho para sua carreira brilhante no cinema mundial.