ALAGOAS – Alunos negros superam brancos em Matemática graças a políticas educacionais de Alagoas, revela relatório nacional de desempenho escolar.



Em 2024, Alagoas destacou-se no cenário educacional brasileiro por uma razão notável: é o único estado do país onde alunos negros superaram seus colegas brancos em média de aprendizado na disciplina de Matemática. Este fato singular, revelado pelo Relatório do Observatório da Branquitude, está fundamentado nos dados de 2023 do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb). Enquanto, na média nacional, estudantes brancos do 9º ano do ensino fundamental tendem a obter melhores notas em Português e Matemática, Alagoas desponta como exceção, demonstrando que seus esforços em políticas públicas educacionais têm gerado resultados concretos.

O Saeb, uma ferramenta essencial para a avaliação da educação básica, oferece um panorama abrangente sobre o desempenho estudantil e possibilita uma análise crítica de fatores que influenciam na qualidade do ensino brasileiro. Em Alagoas, a média dos alunos negros em Matemática alcançou 251.5, superando os 250.2 dos estudantes autodeclarados brancos. Este desempenho aponta para as mudanças positivas proporcionadas por políticas educacionais inclusivas e focadas na equidade racial.

Especialistas atribuem esses avanços em Alagoas a um conjunto diversificado de políticas implementadas pela Secretaria de Educação do Estado (Seduc), que buscam diminuir e eventualmente eliminar a desigualdade racial nas escolas. Dentre essas ações, destacam-se programas como o “Cartão Escola 10”, que assegura recursos para manutenção da frequência escolar, e “Professor Mentor”, que incentiva o protagonismo estudantil.

A estratégia adotada pela Seduc ressalta a importância de uma Educação que valoriza as Relações Étnico-Raciais para todos os estudantes. Parte desse esforço inclui a atualização do Referencial Curricular de Alagoas (Recal), que incorpora aspectos das relações étnico-raciais, e a análise de dados do Censo Escolar de 2023 e do IBGE de 2022 para embasar novas políticas educacionais.

Outro elemento chave na estratégia de Alagoas é o programa “Declare sua Cor”, que promove a autodeclaração racial dos estudantes. Este programa é visto como uma ferramenta estratégica que não apenas mapeia desigualdades dentro das escolas, mas também orienta a formulação de políticas educacionais mais justas e inclusivas. A superintendente de Desenvolvimento da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Políticas Educacionais da Seduc, Fabiana Alves de Melo Dias, enfatiza a importância dessa abordagem. Segundo ela, a autodeclaração permite identificar as necessidades de diversos grupos dentro das escolas, facilitando a elaboração de políticas que atendam a essas especificidades.

Para Zezito de Araújo, técnico pedagógico da Seduc, a histórica proporção de 69,91% da população negra no estado de Alagoas reflete nas matrículas escolares e evidencia a necessidade de políticas educacionais focadas na diversidade e na inclusão. Ele ressalta que estas políticas buscam garantir uma educação de qualidade para todos, refletindo o compromisso de Alagoas com uma sociedade mais equitativa e justa.

Esses esforços demonstram o compromisso contínuo de Alagoas em promover a equidade e inclusão no ambiente educacional, servindo de exemplo para outras regiões do Brasil sobre o poder transformador de políticas públicas bem diretas e fundamentadas em dados relevantes.

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