Agricultores do Pará Transformam Terras Degradadas em Motivos de Esperança com Agroflorestas e Exportação de Açaí e Dendê para o Mercado Global

No coração da Amazônia, a região de Tomé-Açu, no nordeste do Pará, tem se destacado como um modelo de produção agrícola sustentável. Agricultores locais, em uma iniciativa inovadora promovida pela Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), estão transformando áreas degradadas em um vibrante mosaico de cultura e biodiversidade. Com 96 anos de história e 170 associados, a CAMTA impulsiona o cultivo no sistema agroflorestal, que combina várias espécies de plantas, tanto agrícolas quanto nativas, em uma única área.

Essa abordagem, que contrasta com a monocultura ainda predominante em parte da Amazônia, tem demonstrado benefícios significativos. A diversidade de cultivos—que engloba açaí, dendê, cacau, cupuaçu, andiroba e pimenta-do-reino—não apenas amplia a produção de alimentos, mas também garante uma renda estável para as famílias envolvidas. Os agricultores colhem durante o ano todo, assegurando uma colheita contínua, o que se revela fundamental em um clima que pode ser imprevisível.

Pedro Silva, coordenador técnico da CAMTA, destaca a importância do sistema agroflorestal: “Ele protege o solo, mantém a umidade e ajuda a enfrentar períodos de seca extrema. Na última estiagem, não tivemos perda de árvores e conseguimos manter a produção.” Essa resiliência tem sido fundamental diante das mudanças climáticas que ameaçam a agricultura convencional.

Além de atuar como compradora de produtos primários, a cooperativa se dedica ao processamento das safras em polpas e óleos que são exportados para a Europa e países da Ásia, com atenção especial ao mercado da China e da Índia. O presidente da CAMTA, Alberto Oppata, enfatiza a necessidade de uma modernização gradual das plantações para enfrentar desafios climáticos, observando que, “algumas áreas estão se tornando improdutivas”.

A cooperativa também atribui seu sucesso à colaboração com várias entidades, destacando o legado cultural dos imigrantes japoneses na região. Após crises, como a devastação da produção de pimenta-do-reino na década de 1960, a diversificação de culturas, respaldada por apoio técnico, foi essencial para a recuperação.

Com os cultivos manchando a paisagem amazônica de verde, agricultores como Ernesto Suzuki observam que os sistemas agroflorestais se mantêm produtivos mesmo em épocas de seca, demonstrando uma notável capacidade de adaptação. Estima-se que cada hectare gerenciado de forma consorciada pode gerar até três vezes mais lucro do que as culturas tradicionais. Esse modelo revela a interconexão entre cuidar da floresta e garantir um futuro próspero para a agricultura na Amazônia.

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