Analistas destacam que a presença de bases militares estrangeiras, particularmente francesas, é vista como um símbolo de dependência e restrição à soberania nacional. O controle da moeda franco CFA, que é garantido pelo tesouro francês e vinculado ao euro, é um exemplo claro dessa dinâmica. Os críticos argumentam que essa estrutura perpetua a vulnerabilidade econômica dos países africanos, limitando sua capacidade de implementar políticas fiscais autônomas que atendam às necessidades de suas populações.
Ousmane Sonko advertiu que o fechamento das bases não representa um rompimento total com a França, uma vez que o Senegal ainda reconhece a necessidade de manter relações diplomáticas e econômicas com seu ex-colonizador. No entanto, essa medida é vista como uma forma de equilibrar a busca por autonomia com a realidade das relações internacionais, reconhecendo que uma ruptura abrupta poderia acarretar sérias consequências econômicas.
O clima de desconfiança em relação à presença militar francesa na África é alimentado por um histórico de intervenções que não resultaram em benefícios significativos para as nações locais. Além disso, a eficácia das operações militares estrangeiras no combate ao terrorismo na região tem sido questionada, levando muitos a defender uma abordagem mais integrada, que inclua desenvolvimento econômico e fortalecimento das instituições locais, para enfrentar os desafios do extremismo.
A movimentação no Senegal se insere em um contexto geral de busca por maior autonomia na África Ocidental, com outros países como Mali e Burkina Faso apresentando demandas semelhantes. A retirada da França pode abrir um vácuo de poder que será disputado por novas potências emergentes, como China e Turquia, que já demonstram interesse em estabelecer laços econômicos respeitosos com países africanos. Em um continente onde a história colonial ainda ecoa, a busca por uma nova ordem geopolítica, mais justa e igualitária, parece estar em plena ascensão, refletindo a vontade de um continente que se recusa a ser tratado como mero objeto de exploração.