África do Sul refuta acusações de genocídio contra brancos, destaca parceria no BRICS e reforça comércio em moedas locais durante cúpula no Rio de Janeiro.

Em maio deste ano, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas ao afirmar, sem apresentar evidências concretas, que a população branca da África do Sul, conhecida como afrikaners, estaria sofrendo um genocídio. Essa alegação causou repercussão internacional e culminou na concessão do status de refugiado a alguns membros desta comunidade pelo governo americano.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, rapidamente refutou essas acusações. Em uma coletiva de imprensa durante a cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro, Lamola detalhou que os dados de violência nas fazendas não apoiam a narrativa de um genocídio. O ministro destacou que, nos últimos quatro anos, ocorreram 252 ataques a propriedades rurais, sendo 102 deles direcionados a trabalhadores que, em sua maioria, são negros. Dos restantes, cerca de 50 vítimas eram proprietários de fazendas, majoritariamente brancos. Esses números, de acordo com Lamola, não só desmentem as afirmações de Trump, mas também mostram a complexidade da violência rural na África do Sul.

Lamola ressaltou que a sociedade sul-africana vive em convivência pacífica entre diferentes etnias, apesar dos desafios persistentes relacionados à criminalidade. Ele enfatizou a existência de instituições sólidas e mecanismos jurídicos que endereçam disputas sociais e questões de desigualdade.

Além das tensões políticas, o chanceler também abordou a relevância do fortalecimento das transações financeiras entre os países do BRICS no uso de moedas locais. Ele mencionou um empréstimo recente do Novo Banco de Desenvolvimento em rands, a moeda sul-africana, como um passo importante nessa direção. Lamola acredita que essa prática pode tornar o comércio entre os países do bloco mais econômico e eficiente.

Por fim, o ministro comentou sobre o papel da África do Sul e de outros países emergentes na reforma do sistema global, que atualmente tende ao unipolarismo. A África do Sul vê o BRICS como uma plataforma fundamental para promover parcerias que contribuam para seu desenvolvimento. Contudo, a ausência de menção ao apoio à candidatura sul-africana no Conselho de Segurança da ONU, em comparação com Índia e Brasil, foi notada. Lamola esclareceu que, para que declarações sejam aceitas, é necessário um processo de negociação que, muitas vezes, resulta em compromissos delicados.

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