O governo talibã, que controla o Afeganistão desde a retirada das tropas ocidentais em 2021, não hesitou em acusar Islamabad de atacar seu território e em alertar sobre as consequências dessas ações. Essa escalada ocorreu em meio a um ambiente já tenso, com a morte de pelo menos onze soldados paquistaneses em confrontos com militantes da região. O Paquistão denunciou que esses militantes operam a partir do solo afegão, uma alegação que Cabul se apressa em negar.
As acusações mútuas têm se intensificado, culminando em um clima de hostilidade e ameaças. O Ministério da Defesa do Afeganistão classificou os ataques paquistaneses como “atuais violências e provocativas” e advertiu que futuras violações poderiam levar a retaliações decisivas. Esta situação é exacerbada pelo fato de grupos militantes, como o Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP), que buscam desestabilizar o governo paquistanês, serem rotineiramente acusados de operar a partir do território afegão, uma dinâmica que se remete a décadas de conflitos entre ambos os países.
Adicionalmente, o Paquistão expressou sua impaciência com o governo talibã, exigindo ações contra o uso do solo afegão para terrorismo. O tenente-general paquistanês, Ahmed Sharif Chaudhry, enfatizou que tomarão todas as medidas necessárias para proteger seu povo. O contexto regional se complica ainda mais com a suposta influência da Índia no apoio ao TTP, uma acusação que Nova Delhi nega veementemente.
Recentemente, a visita do Ministro das Relações Exteriores talibã à Índia trouxe um novo elemento ao já tenso panorama. O encontro resultou na reabertura da embaixada indiana em Cabul e um fortalecimento das relações diplomáticas entre os dois, enquanto o Paquistão observa com preocupação essa nova dinâmica à sua porta.
Essa situação representa um desafio não apenas para a estabilidade interna do Afeganistão e do Paquistão, mas também para a segurança regional como um todo, com implicações potenciais para o futuro da governança e da paz na área. A constante troca de ataques aéreos e acusações sublinha a fragilidade da situação, que requer atenção internacional e uma resolução pacífica para evitar novas escaladas de violência.