Durante uma audiência de processo infracional em Manaus, um adolescente não conseguiu esconder a tatuagem que causou mais impacto que seu próprio depoimento. No braço direito, o menor trazia uma imagem do Tio Patinhas, personagem avidamente ligado ao acumulo de dinheiro, e uma inscrição da principal facção criminosa do Rio de Janeiro.
De acordo com informações divulgadas por assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, o apelido de Tio Patinhas é atribuído a Clemilson dos Santos Farias, de 45 anos, apontado pela polícia como o número dois da facção no estado e responsável por inúmeras atividades, incluindo logística, contabilidade, lavagem de dinheiro e ordenação de mortes.
Durante a audiência, o adolescente foi questionado sobre a tatuagem, mas desconversou. De acordo com um integrante do Judiciário que esteve presente no local, a história chamou muita atenção, pois a tatuagem é uma clara apologia à figura de Clemilson no Amazonas.
A ascensão de Clemilson no mundo do crime aconteceu em meados de 2015, após a realização de uma operação que isolou as principais lideranças da facção no Amazonas e aliada de Tio Patinhas em presídios federais. Esta operação, conhecida como ‘La Muralla’, foi deflagrada pela Polícia Federal e resultou em um duro golpe na facção e em uma disputa com outra organização criminosa.
Em 2015, Clemilson foi preso duas vezes, sendo encontrado na segunda vez em uma propriedade repleta de armas, munições, entorpecentes e dinheiro em espécie. Desde então, ele se tornou suspeito de ser o mandante de várias mortes na região de Manaus, sendo conhecido por sua crueldade. O delegado Rodrigo Torres, diretor do Departamento de Investigações sobre Narcóticos, afirma que em diversos casos, os assassinatos foram realizados com barbárie, deixando para trás bilhetes ligados a Clemilson.
Com uma rota estratégica, o Amazonas se tornou um importante ponto para o tráfico de drogas com origem em países andinos. Em 2016, após líderes da organização do Amazonas serem isolados, a facção rachou, abrindo espaço para uma nova organização criminosas, com a qual Clemilson estaria envolvido.
Após ter sido preso em Pernambuco, Clemilson recebeu a condenação de 31 anos e 7 meses de prisão, mas de acordo com relatos, ele continua comandando o tráfico e ordenando assassinatos mesmo estando na prisão. No entanto, tanto Clemilson quanto sua esposa negaram os crimes. O advogado de defesa do casal não foi localizado.