Acordo EUA-Paraguai Eleva Tensões no Sul da América Latina com Imunidade para Militares Americanos

O recente acordo de cooperação em defesa firmado entre os governos dos Estados Unidos e do Paraguai gerou preocupações significativas, especialmente no que diz respeito à repercussão que isso pode ter na região. Especialistas em segurança e relações internacionais levantaram alertas sobre as implicações do acordo, que concede imunidade a militares e civis americanos atuando em território paraguaio.

Intitulado como SOFA (Acordo sobre o Estatuto das Forças), o documento foi apresentado pelo ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, e pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, em uma coletiva de imprensa. Embora os detalhes do acordo ainda não sejam completamente conhecidos, Ramírez Lezcano confirmou que a imunidade concedida pode ser considerada uma contrapartida preocupante, pois implica que os americanos podem agir sem o risco de serem responsabilizados por crimes cometidos no Paraguai.

O advogado e especialista em direitos humanos, Jorge Rolón, analisou que essa inclusão da imunidade desafia o princípio da igualdade jurídica, uma vez que a justiça paraguaia poderá ser incapaz de investigar possíveis delitos cometidos por militares estrangeiros. Ele ainda comentou que tal acordo poderia minar a soberania do Paraguai, ao permitir intervenção militar sem a necessidade de uma ameaça externa.

Embora o governo paraguaio tenha negado a construção de uma base militar americana no país, Rolón sugere que o acordo pode facilitar a ação militar dos EUA a partir de instalações paraguaias, evitando assim a resistência popular que geralmente acompanha a ideia de uma base permanente. Isso poderia ser visto como uma estratégia para manter a presença americana na região, especialmente em tempos em que a segurança contra o terrorismo e o crime transnacional é uma prioridade crescente.

Analistas também destacam que a relação entre Paraguai e EUA está se intensificando, com iniciativas anteriores, como a instalação de um Centro Antiterrorismo em Assunção. Este novo contexto posiciona o Paraguai como um importante ator na logística de segurança do Cone Sul, o que naturalmente gera preocupações no Brasil. Historicamente, a presença militar americana em países vizinhos já trouxe descontentamento para o governo brasileiro, algo que os especialistas consideram um possível redemoinho de tensões diplomáticas.

Experts também concordam que, se o Paraguai tem a capacidade legal de firmar tais acordos, isso não significa que a decisão se dará sem implicações em suas relações regionais. A presença militar americana no Paraguai pode se tornar um elemento de desestabilização nas dinâmicas de poder no Cone Sul, principalmente pelas preocupações legítimas do Brasil, que se vê sob a ameaça de uma potência militar na sua área de influência.

Em resumo, a assinatura do acordo SOFA entre os EUA e o Paraguai não apenas redefine as relações de segurança entre os países, mas também acende um alerta sobre as possíveis repercussões negativas em áreas mais amplas da América do Sul. A continuidade desse tipo de cooperação deve ser monitorada de perto, dada a complexidade das relações internacionais na região.

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