O acordo promete ao mercado dos EUA acesso prioritário a setores argentinos estratégicos, incluindo medicamentos, maquinário, tecnologia, veículos e produtos agropecuários. Por outro lado, a Argentina se vê forçada a aceitar normas e certificações norte-americanas para alimentos e produtos médicos, o que poderá comprometer o controle local sobre esses setores. Ademais, a cooperação em minerais essenciais, como o lítio, e uma coordenação em relação ao comércio global de soja, que é uma área de concorrência direta entre ambas as economias, estão contemplados no pacto.
Este cenário se desenha logo após um apoio financeiro sem precedentes de Trump à campanha de Milei, na esteira das eleições legislativas argentinas. Especialistas têm se manifestado sobre a assimetria deste acordo. Fernando Riva, um analista internacional, chamou atenção para o fato de que, ao permitir a entrada de produtos sob normas americanas, a Argentina arrisca-se a prejudicar setores vitais como o de medicamentos e veículos. Ele ressaltou a fragilidade dessa dependência, uma vez que não há garantias de investimentos diretos na Argentina.
Ezequiel Magnani, também analista internacional, forneceu uma visão mais aguda, afirmando que a aliança entre Milei e Trump coloca os interesses dos EUA como prioridades absolutas na agenda argentina. Segundo ele, o acordo implica uma série de concessões às demandas dos Estados Unidos sem explicitar claramente as contrapartidas oferecidas.
Ambos os especialistas concordam que a proposta de acordo não apenas consolida uma relação desigual, mas também estabelece obrigações rígidas para a Argentina, enquanto os benefícios para o país continuam indefinidos. Embora o governo argentino apresente essa negociação como um avanço estratégico, há preocupações crescentes sobre seu impacto negativo em áreas críticas como emprego, indústria e soberania regulatória. A situação sugere uma rota complexa e potencialmente danosa para a economia argentina, que agora se encontra mais dependente do comando de Washington.









