Abandono de Sistema de Dessalinização no Sertão Alagoano Ameaça Acesso a Água Potável para Famílias em Olho d’Água das Flores.

Um sistema de dessalinização que deveria fornecer água potável para famílias do sertão alagoano se tornou, surpreendentemente, uma moradia particular em Olho d’Água das Flores. A denuncia veio à tona após inspeções realizadas pela equipe de Recursos Hídricos da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) no dia 20 de agosto. A situação evidenciou a invasão de um imóvel público, que estava em abandono e apresentava equipamentos deixados expostos às intempéries, além de componentes removidos, o que compromete a recuperação do maquinário.

No sítio Sucupira, a central de osmose reversa, essencial para o funcionamento do sistema, foi deslocada do abrigo onde deveria estar e agora fica exposta ao sol e à chuva. O espaço dedicado à proteção do equipamento foi apropriado por um morador, que adaptou o local, colocando móveis como cama, geladeira e fogão. A equipe de fiscalização também notou cópias de fundações e paredes em construção, levantando a suspeita de obras de ampliação irregular no imóvel que deveria ser de uso coletivo.

Além disso, diversos equipamentos, como bombas e caixas d’água, foram levados para a residência do morador responsável pelo sistema, sob a alegação de que estava garantindo a “guarda” desses bens. Essa situação representa uma clara invasão de patrimônio público e apropriação indevida de bens que, de acordo com a FPI, coloca em risco a funcionalidade de um sistema vital que poderia garantir acesso à água potável para várias famílias carentes.

Em contraste, na comunidade quilombola de Carneiros, situada a poucos quilômetros dali, a realidade era bem diferente. A FPI encontrou outro sistema de dessalinização em pleno funcionamento, operado pela própria comunidade local. Os moradores capacitados pela prefeitura gerenciam um chafariz que fornece água de qualidade. Embora algumas pendências tenham sido observadas, como a falta de pastilhas para o clorador e a ausência de manta protetora para o rejeito salino, a gestão comunitária foi considerada exemplar.

Esse contraste entre as situações observadas pela FPI ilustra de forma clara os extremos enfrentados no semiárido alagoano. De um lado, a apropriação irregular e o desperdício de recursos públicos; de outro, um modelo de gestão coletiva que transforma tecnologia em dignidade para a população. O cenário destaca a importância da fiscalização constante e do fortalecimento das comunidades na administração de sistemas de água, uma necessidade reiterada pelas autoridades que atuam na região. A experiência de Carneiros demonstra o potencial das comunidades tradicionais, quando são devidamente capacitadas e apoiadas, garantindo, assim, não apenas o acesso à água, mas também uma melhoria significativa na qualidade de vida local.

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