O jornal O Estado de S. Paulo decretou o esvaziamento político da CPMI do INSS, presidida pelo deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). Em análise publicada nesta quinta-feira (7), o periódico afirma que a comissão “não emplacou” porque o escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões envolve governos de diferentes espectros políticos — o que desmobilizou tanto governo quanto oposição.
Segundo o texto, há registros de irregularidades desde 2016, ainda no governo Michel Temer, que teriam se ampliado durante a gestão de Jair Bolsonaro e só se tornado públicas no atual governo Lula. “Não há apenas um, mas muitos culpados pelos descontos ilegais nas aposentadorias e pensões”, observa o Estadão, destacando que governo, oposição e Centrão atuam juntos para conter os danos.
A reportagem aponta que o propósito inicial da CPMI — investigar responsabilidades — foi substituído por uma tentativa de “reduzir prejuízos políticos”. “Em poucos meses, o objetivo da comissão passou de apurar responsabilidades para reduzir danos”, escreve o jornal, lamentando o enfraquecimento da investigação.
A análise também indica que a CPI do Crime Organizado, recém-criada no Senado, tende a disputar espaço e atenção pública com a CPMI do INSS, reduzindo ainda mais sua relevância política.
Alfredo Gaspar, que tem usado suas redes sociais para divulgar a atuação na comissão, é apontado como um dos parlamentares mais empenhados em transformar o caso em vitrine nacional. No entanto, com o avanço das apurações revelando a transversalidade das falhas administrativas, o deputado teria perdido o controle da narrativa, frustrando os planos de concentrar a responsabilidade sobre o governo petista.
“O escândalo merecia respostas concretas, mas acabou engolido pela polarização e pelos cálculos partidários”, conclui o Estadão, em tom crítico ao resultado da CPMI.









