A Luta de Almerinda Gama: O Legado da Sufragista Negra que Renascem com Novo Livro

A Redescoberta de Almerinda Gama: A Sufragista Negra que Mudou a História

O novo livro de Cibele Tenório, intitulado “Almerinda Gama: A sufragista negra”, aborda de forma profunda e sensível a vida de uma figura histórica que, por muito tempo, permaneceu nas sombras. A obra é uma reconstrução meticulosa de um legado repleto de lutas, afeto e arte, que foi rellegado ao pano de fundo da narrativa oficial do Brasil. A autora, uma talentosa jornalista alagoana, tem uma formação sólida, com graduação em jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e mestrado em História pela Universidade de Brasília. Sua carreira inclui diversos papéis na comunicação, como repórter, roteirista, produtora, editora e apresentadora.

Atualmente residindo em Brasília, Cibele retornou a Alagoas para promover seu livro na 11ª Bienal Internacional do Livro, um dos maiores eventos literários do estado. Emocionada, ela compartilha sua felicidade em participar da Bienal como autora. “Nunca imaginei que estaria aqui. O evento é parte da minha história e, como leitora, estou ansiosa para interagir com outros autores e falar sobre Almerinda Gama”, declara.

A escolha de Almerinda Gama como personagem central do livro é significativa. Essa mulher, nascida em Maceió em 1899, se destacou como uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino no Brasil, embora sua história tenha sido pouco divulgada. Cibele destaca que Almerinda não é uma heroína idealizada, mas sim uma figura complexa, que floresceu em um período em que as vozes femininas eram frequentemente silenciadas. Com uma trajetória que atravessou as artes e a advocacia, ela tornou-se uma referência na luta pela igualdade.

O interesse de Cibele por Almerinda surgiu de maneira inesperada, motivada por uma fotografia enigmática que viu anteriormente. A imagem mostrava uma mulher da década de 1920 ou 1930 olhando para uma urna, um símbolo do voto. Ao pesquisar mais sobre a imagem, Cibele encontrou o nome de Almerinda em um acervo da Fundação Getúlio Vargas, o que a levou a mergulhar na vida dessa mulher notável.

A pesquisa revelou a importância de Almerinda como sufragista e sua atuação no contexto da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde, apesar de ser uma mulher negra e de classe trabalhadora, contribuiu significativamente para a visibilidade do movimento de votação feminino. “Ela era uma liderança ativa, que não se contentou em ser apenas uma participante”, destaca Cibele.

Almerinda Gama faleceu em 1999, aos 100 anos, sem que sua história fosse devidamente reconhecida. Porém, agora, com o trabalho de Cibele, suas contribuições estão finalmente recebendo a notoriedade que merecem. O livro resultou de um esforço que se intensificou após sua dissertação de mestrado e culminou na vitória da autora em um prestigiado prêmio literário.

Cibele expressa sua satisfação ao ver que, através de seu trabalho, Almerinda Gama encontra uma nova vida e a chance de interagir com seu legado em sua terra natal. A autora sente que sua missão é mais do que contar a história; é dar voz àquelas que foram silenciadas, e com isso, enriquecer a narrativa da luta pela igualdade no Brasil.

Assim, a trajetória de Almerinda Gama ressurge, não apenas como um eco do passado, mas como um farol que ilumina a luta contínua das mulheres na sociedade contemporânea.

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