Ao ler o livro, é inevitável não lembrar das considerações feitas pelo autor canadense Marshall Mcluhan, em sua obra “Os meios de Comunicação como extensões do homem”. Mcluhan chama a atenção para as transformações causadas pelas fotografias em nossa percepção da realidade e em nossa forma de rememorar experiências. Antes do surgimento das máquinas fotográficas, as pessoas tinham apenas representações esquemáticas transmitidas por pinturas, gravuras e descrições de outras pessoas. No entanto, com as fotografias, a experiência de espanto ao ver um lugar pela primeira vez foi perdida.
O autor ainda destaca que as mídias visuais afetam nossa capacidade de apreensão da realidade e de descrição do mundo ao nosso redor. Antes, era necessário descrever detalhadamente o que se via, enquanto hoje é mais comum mostrar fotografias do acontecimento. Essa mudança na forma como nos relacionamos com a realidade, junto com a intensificação do consumo de informações pela sociedade contemporânea, está afetando nossa capacidade de atenção e concentração.
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han também aborda essa questão em seu livro “Do Desaparecimento dos rituais”. Ele alerta para a perda de concentração e profundidade na compreensão das coisas, causada pela “percepção serial”, que consiste na busca constante por novidades e pela falta de dedicação completa a uma atividade ou conhecimento em particular.
Estudios revelaram que a capacidade média de atenção das pessoas é menor do que a de um peixinho dourado, refletindo a dificuldade em se concentrar em uma única coisa por um período prolongado. A intensa exposição a mídias digitais e a busca por atualizações constantes contribuem para essa falta de concentração e atenção.
Diante desse cenário, é importante refletir sobre o impacto das mídias e tecnologias em nossa capacidade de atenção, memória e concentração. Se não pararmos para avaliar essas questões seriamente, corremos o risco de perder a essência de nossa humanidade, resultando em uma sociedade fragmentada e com capacidade de atenção cada vez mais limitada.