Evandro Carvalho de Menezes, um reconhecido especialista em questões chinesas, explica que, ao contrário do que se costuma discutir no Ocidente, onde se privilegiam debates sobre democracia, a China possui uma estrutura republicana que visa o bem comum. Ele enfatiza que os movimentos políticos históricos do país buscavam a implementação de um governo que atendesse a todos os cidadãos. Esse conceito, porém, transformou-se na República Popular da China, fundada em 1949 sob a liderança comunista, que buscava resgatar e redefinir essa noção republicana.
Outra característica marcante do modelo chinês é a configuração da sociedade em torno do conceito de “nação-família”. Para Menezes, entender a importância da família na cultura chinesa é fundamental para compreender a estrutura social e política do país. Essa visão hierárquica está imbuída na lógica confucionista, que preconiza a virtude dos governantes como um aspecto essencial para a governança.
Ademais, a modernização da China apresenta uma abordagem focada na coletividade, em contraste com o individualismo que frequentemente marca as sociedades ocidentais. Menezes argumenta que a coletividade é vital para o desenvolvimento chinês, sugerindo que a realização do indivíduo é inextricavelmente ligada às relações sociais que o cercam. Essa diferença fundamental entre os dois modelos de modernização implica em estratégias diplomáticas distintas, onde a paciência e a adaptabilidade ao longo do tempo são valorizadas.
Diferentemente do estilo ocidental, que muitas vezes se caracteriza por sua rapidez e urgência, a diplomacia chinesa se fundamenta na ideia de complementaridade e respeito mútuo. A tradição de esperar o momento certo para agir reflete-se na forma como os chineses conduzem suas negociações internacionais, sendo um componente crucial da sua estratégia de soft power.
Finalmente, o sistema político da China demonstra uma forte conexão com a sociedade, onde a presença do Partido Comunista se estende por diversos aspectos da vida cotidiana, criando uma rede de comitês comunitários e iniciativas locais que buscam engajar a população de maneira direta. Esse arranjo reforça a perspectiva de que a governança deve ser inclusiva e voltada para o coletivo, assegurando que as vozes dos cidadãos sejam ouvidas e consideradas nas decisões políticas.
Com isso, o modelo chinês se revela não apenas como uma forma de governança, mas como uma filosofia baseada em milênios de história, cultura e valores que moldam a maneira como a China se posiciona no cenário global.