Segundo Marieta, o teatro sempre foi o lar de Aderbal, o lugar onde ele se sentia vivo e realizado. A atriz conta que ele costumava dizer: “Eu existo quando tem peça em cartaz. Quando não tem, não existo”. Por isso, ela considera o canteiro de plantas do Poeira o melhor lugar para as cinzas do diretor descansarem. Para Marieta, essa singela homenagem é algo que a tranquiliza.
A proposta de enterrar as cinzas de Aderbal no teatro surgiu assim que Marieta recebeu a notícia de que seu companheiro estava se despedindo da vida. Ela conversou com Andréa Beltrão, que também concordou que não havia lugar melhor para ele estar.
Diferente do velório de Aderbal, que foi um evento grandioso e emocionante, com a presença de diversas personalidades do teatro e música, esse ato de despedida foi íntimo e reservado apenas para a equipe do teatro. Marieta encomendou uma placa com o nome “Aderbal” para ser instalada no muro do canteiro, bem em frente ao local onde as cinzas foram enterradas.
A atriz ainda está decidindo qual árvore será plantada sobre as cinzas do diretor. Ela gostaria de plantar antúrios brancos, mas descobriu que essa espécie não suporta o sol forte. Talvez, ela apenas espalhe pedras brancas sobre o local.
Esse gesto de enterrar as cinzas de Aderbal no teatro fica ainda mais significativo se lembrarmos que foi ele quem encontrou a casa que se tornou o Teatro Poeira. Além disso, acompanhou de perto a obra de dois anos do espaço e contribuiu com sua sabedoria e experiência na programação. Segundo Marieta, o Poeira deve muito a ele.
Ao ser questionada sobre como está lidando com a perda de Aderbal, Marieta responde que não há preparação para a morte. Ela enfatiza a solidez da parceria que tinha com o diretor e afirma estar agarrada a isso para seguir em frente.
Com o gesto de Marieta, Aderbal tornou-se parte do teatro que ajudou a construir e da arte que tanto amou e se dedicou. Suas cinzas descansam agora entre as plantas do Poeira, um lembrete constante de sua presença e legado.