75 militares condenados por violência nas Forças Armadas: tortura, agressões e perseguições chocam país e são levadas à instância internacional.

Um levantamento realizado pelo Superior Tribunal Militar (STM) revelou que 75 militares das Forças Armadas foram condenados por violência dentro dos quartéis ou envolvendo colegas de farda, no período de 2018 a 2024. Os casos de violência chocaram a sociedade, especialmente após o Metrópoles divulgar a tortura de um sargento do Exército Brasileiro por ser gay. Testemunhas relataram detalhadamente os abusos sofridos pelo militar durante o período em que ficou detido no Batalhão de Polícia do Exército, no Distrito Federal, em 2008.

Os relatos descrevem espancamentos, ofensas e tortura psicológica, inclusive com o uso de escorpiões, comprovando a gravidade das ações cometidas pelos militares. Além disso, a motivação por trás dos crimes estaria relacionada com a orientação sexual da vítima, de acordo com as informações obtidas. Os casos de tortura e perseguição foram levados à Organização dos Estados Americanos (OEA) após o processo no STM ser finalizado, em todos os graus de recursos.

Apesar da gravidade das denúncias, os novos dados obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam que a violência foi cometida há 17 anos e acabou sendo arquivada na época, impossibilitando o seu julgamento pelo STM. Entre os militares condenados, 63 são do Exército Brasileiro, 6 da Força Aérea e 6 da Marinha do Brasil. As condenações foram divididas em violência contra inferior, contra superior, contra militar de serviço e em organização de grupo para a prática de violência.

O Metrópoles buscou informações junto às três forças, questionando como as instituições evitam a tortura e a violência, bem como garantem a segurança dos integrantes em casos de violência cometida por pares e superiores. Até o momento, nenhuma das instituições se pronunciou sobre o assunto.

O advogado Fernando Figueiredo, ex-sargento do Exército Brasileiro e vítima de tortura, revisou o material do inquérito e encontrou vídeos com as alegações de tortura, que não haviam sido informados à vítima. Após entrar com um mandado de segurança na Justiça, as investigações foram impedidas de serem arquivadas, revelando a gravidade dos crimes cometidos dentro das instituições militares.

Diante de tantos casos de violência e tortura, é fundamental que as Forças Armadas adotem medidas efetivas para coibir tais práticas e garantir a segurança e integridade dos militares. A sociedade espera por respostas e ações concretas para evitar que casos como esses se repitam no futuro.

Sair da versão mobile