O golpe de 1964 foi o desfecho de uma série de tensões políticas, sociais e econômicas que vinham se acumulando no Brasil desde o final dos anos 1950. A crescente polarização entre as forças conservadoras, temerosas da ameaça do comunismo e ávidas por uma intervenção militar para “salvar” o país, e os setores progressistas, defensores de reformas sociais e econômicas profundas, criou um terreno propício para o descontentamento e a instabilidade.
A deposição do presidente João Goulart, conhecido como Jango, em 31 de março de 1964, por parte das Forças Armadas brasileiras, com o apoio de setores da sociedade civil como empresários, igreja e parte da mídia, deu início a um regime que perdurou até 1985. Esse período foi marcado por violações dos direitos humanos, censura, perseguição política e repressão.
Centenas de pessoas foram mortas ou desapareceram, milhares foram torturadas e muitas outras foram exiladas durante a ditadura militar. A censura aos meios de comunicação e às artes sufocou a expressão e o debate público, enquanto a perseguição política silenciou vozes dissidentes.
Economicamente, o regime militar ficou conhecido pelo “milagre econômico” da década de 1970, que trouxe altas taxas de crescimento, mas também agravou a desigualdade social e resultou em uma dívida externa gigantesca. O modelo desenvolvimentista privilegiou a infraestrutura do país, porém gerou desequilíbrios regionais e sociais.
Ao relembrar os 60 anos do golpe militar, o Brasil se encontra diante da necessidade de preservar a memória desse período para as gerações futuras. A construção da democracia pós-ditadura trouxe avanços importantes, como a Constituição de 1988, mas ainda enfrenta desafios.
A memória do regime militar serve como um alerta sobre a importância de defender os direitos humanos, a liberdade de expressão e o estado de direito. É essencial aprender com a história e fortalecer a democracia, promovendo o engajamento cívico e a vigilância.
Os 60 anos do golpe militar no Brasil nos convidam a refletir não apenas sobre as cicatrizes deixadas por esse período sombrio, mas também sobre a valorização da democracia e a necessidade de trabalhar incansavelmente por sua consolidação. A memória coletiva nos guia na busca por um futuro mais justo, inclusivo e democrático para todos os brasileiros.